Nos últimos dias, o Brasil assistiu a duas grandes manifestações, com pautas bastante distintas. Antes de mais nada, é preciso dizer que os atos públicos só foram possíveis porque vivemos em um país democrático e que esta democracia foi conquistada graças ao combate travado pelas organizações e pelos militantes que sempre defenderam as causas e os direitos da classe trabalhadora, companheiros e companheiras que dedicaram os melhores anos de suas vidas, e em muitos casos, as próprias vidas, gente que foi torturada, perseguida, assassinada, para garantir o direito de quem foi, por exemplo, à Av. Paulista pedir a volta da tortura, da perseguição e do assassinato de quem pensa diferente.
Heróis e mártires da democracia lembrados, vamos aos atos.
No dia 13, milhares de trabalhadores e trabalhadoras, de todo o Brasil, foram às ruas em defesa de pautas que dizem respeito ao povo brasileiro:
- Pelo fortalecimento e ampliação da democracia
- em defesa da Petrobras
- em defesa dos direitos da classe trabalhadora e pela retirada das MPs 664 e 665
- pela reforma política com uma Constituinte Exclusiva e Soberana.
Já no dia 15, outros milhares de pessoas (a “grande” imprensa diz que eram até mais do que os manifestantes no dia 13) foram às ruas com uma pauta bastante distinta:
- por intervenção militar
- pela privatização da Petrobras
- pelo fim dos programas sociais do governo, em especial o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida
- pelo impeachment da Dilma e o fim do PT.
O único ponto de convergência entre as duas manifestações foi a luta contra a corrupção. No mais, um claro antagonismo entre as pautas defendidas.
Nós, do MSTL e da CMP, participamos do ato do dia 13. Fomos à Av. Paulista e nos unimos a mais de 100 mil trabalhadores e trabalhadoras organizados em movimentos populares, sindicais, estudantis e partidários. Fomos defender as bandeiras do povo e dizer não ao golpe. Fomos reafirmar nosso compromisso com a luta pela radicalização da democracia e deixar claro que não aceitaremos retrocessos.
Fomos, também, dizer ao governo que não concordamos com um ajuste fiscal que penaliza os trabalhadores. Somos contrários a qualquer redução ou retirada de direitos e exigimos a extinção das Medidas Provisórias 664 e 665, que mexem com direitos trabalhistas. Que os ricos paguem pela crise! Por isso, propomos a criação de um Imposto Sobre Grandes Fortunas, por exemplo.
Também não concordamos com medidas políticas adotadas pelo governo na composição do ministério, onde tradicionais opositores dos direitos do povo assumiram posições-chave no governo. Ajudamos a eleger Dilma para que ela ampliasse as conquistas obtidas em seu primeiro mandato e nos mandatos do presidente Lula, não para que houvesse um retrocesso político e de direitos para a nossa classe.
Nos posicionamos, também, pela investigação, julgamento e punição de todos os envolvidos em casos de corrupção, sejam eles de quais partidos ou empresas forem! E para começar com um combate efetivo da corrupção, defendemos o fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais. Uma ação neste sentido, proposta pela OAB, tramita no Supremo Tribunal Federal. Seis ministros, ou seja, a maioria do STF, já votaram a favor da ação. Porém, há quase um ano, o ministro Gilmar Mendes pediu “vistas” da ação e a engavetou! Um desrespeito ao Supremo e ao povo, que é obrigado a sofrer as consequências das ações de corruptos e corruptores nos períodos eleitorais.
Para nós, fica cada vez mais evidente que o que está por trás de toda esta pressão exercida pelos “grandes” meios de comunicação é um interesse criminoso de desmantelamento da Petrobras. Porque isso? Por que ela representa 13% do PIB brasileiro e as reservas do pré-sal chegam a US$ 9 trilhões! As grandes companhias petrolíferas e os tubarões da especulação capitalista não querem deixar que toda esta riqueza pertença ao povo brasileiro! Basta observarmos o que fazem e fizeram com outros países com grandes reservas energéticas: mentiram ao mundo sobre armas de destruição em massa no Iraque, invadiram o país, devastaram e dizimaram as vidas de milhares de civis, invadiram o Afeganistão, criaram guerras na Bósnia, na Síria, na Líbia, na Ucrânia, desestabilizaram a Venezuela, e tentam fazer o mesmo com o Brasil.
Em alguns países, inventam “grupos terroristas”. Em outros, conflitos étnicos ou ideológicos. Fazem a utilização massiva de forças militares e promovem verdadeiros rios de sangue! No entanto, aqui no Brasil, preferiram contar com um grande aliado: o PIG – Partido da Imprensa Golpista! Sim! A grande arma dos especuladores capitalistas e dos donos das companhias petrolíferas internacionais para desestabilizar o Brasil e promover um golpe que garanta a privatização da Petrobras é a mídia concentrada nas mãos de seis famílias! Não é à toa que estes órgãos de comunicação convocaram, apoiaram e criaram as condições para que o ato do dia 15 tivesse as proporções que assistimos, ao vivo e com toda a pompa, nas TVs brasileiras!
O momento vivido em nosso país é extremamente sensível e nós, do MSTL, não vamos abrir mão de nossa responsabilidade e da certeza de que devemos continuar lutando pelas bandeiras históricas da classe trabalhadora, de homens e mulheres da cidade e do campo, que sempre foram penalizados e relegados ao segundo plano pelas mesmas elites que, agora, saem às ruas com a intenção clara de organizar um golpe. Convocamos a todas as famílias que compõem o nosso movimento a cerrarem fileiras conosco nesta batalha.
MAIS DEMOCRACIA, MENOS ÓDIO!